Indústria fatura mais em fevereiro, mas CNI diz não representar tendência

Pesquisa Indicadores Industriais, que apontou crescimento no faturamento da indústria, foi divulgada nesta terça-feira, 10.04, pela Confederação Nacional da Indústria

Brasília  – Após dois meses consecutivos de queda, o faturamento da indústria cresceu 1,5% em fevereiro frente a janeiro, de acordo com dados com ajuste sazonal. As horas trabalhadas no setor também tiveram alta no período, de 2,2%, descontados os efeitos sazonais. As informações são da pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta terça-feira, 10.04, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O estudo assinala que o crescimento do faturamento e das horas trabalhadas em fevereiro diante de janeiro não sinaliza, contudo, um bom desempenho da indústria. “Esses indicadores estão variando entre queda e crescimento há alguns meses e ainda não entraram em uma trajetória de expansão contínua”, destaca a pesquisa.

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, reitera que tais resultados não permitem traçar com clareza uma trajetória de recuperação da indústria, mas diz haver expectativa de “retomada suave” da atividade industrial nos próximos meses. Alinhou como fatores para tal expectativa o cenário econômico internacional menos instável, os juros mais baixos, o câmbio menos valorizado e medidas setoriais de apoio tomadas pelo governo.

Em fevereiro, a indústria operou, em média, com 82,1% da capacidade instalada (UCI), um recuo de 0,3 ponto percentual comparativamente a janeiro, segundo dados dessazonalizados. Já o indicador de emprego se manteve estável em relação a janeiro.
Os salários e o rendimento médio real dos trabalhadores caíram 0,7% em fevereiro frente a janeiro, de acordo com dados sem ajuste sazonal. Segundo os Indicadores Industriais, esse recuo é normal para a época do ano. Contudo, ressalta a pesquisa, a queda dos salários em fevereiro é a menos intensa quando comparada aos meses de fevereiro dos últimos cinco anos.

Disseminado – Em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2011, o faturamento caiu 3,3%, as horas trabalhadas tiveram queda de 1,4% e a UCI ficou 1,3 ponto percentual inferior.

A pesquisa da CNI sublinha que, na comparação anual, “o fraco desempenho da indústria de transformação está cada vez mais disseminado entre os setores”. Informa que, dos 19 setores pesquisados, em dez o faturamento recuou entre fevereiro de 2012 e fevereiro do ano ado.

Com expressivos 24,2% menos, o segmento de veículos automotores foi o que registrou o maior declínio no faturamento em fevereiro na confrontação com igual mês do ano ado, conforme o levantamento.

Em contrapartida, o emprego, com alta de 0,4%, os salários e o rendimento médio real dos trabalhadores aumentaram sobre fevereiro do ano ado. Na comparação, a massa salarial cresceu 6,2% e o rendimento médio real aumentou 5,8%.

O economista da CNI Marcelo de Ávila explica que as diferenças entre faturamento em queda e emprego e salários em alta no comparativo dos dois fevereiros se deve à demora dos reflexos da baixa produção no mercado de trabalho. “Existe uma resistência do empresário em demitir por duas razões principais: não quer perder mão de obra que é difícil qualificar e custa caro a demissão”, conclui.

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