Ao participar da cerimônia de inauguração da fábrica de celulose da Eldorado Brasil Celulose, cuja construção começou em junho de 2010 na cidade de Três Lagoas (MS), o presidente da República em exercício, Michel Temer, destacou a força da indústria em Mato Grosso do Sul na contramão do setor em nível nacional. "A indústria de Mato Grosso do Sul está em pleno desenvolvimento ao contrário do que demonstram os números do setor em nível nacional. Aqui em Três Lagoas é que estou enxergando a verdadeira indústria", disse.
Ele considera ainda que a obra é importante para a região e para o País. "Nós que estamos aqui, naturalmente em nome do governo brasileiro, para revelar, com esta inauguração, como a economia cresce. Só uma economia promissora é que enseja empreendimentos desta natureza e deste porte. É um empreendimento de muitos bilhões de reais, creio que é uma das maiores fábricas do mundo que está situada aqui em Mato Grosso do Sul, em Três Lagoas e no Brasil. Por isso que o governo brasileiro veio aqui para cumprimentar esses empreendedores que confiam em nosso País", disse.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do País no terceiro trimestre avançou 0,6%, abaixo da expectativa do Governo Federal, que previa aumento de 1,1%, enquanto a indústria cresceu 1,1%, mas na comparação com o terceiro trimestre de 2011, caiu 0,9%. Já em Mato Grosso do Sul, conforme o IBGE, O PIB Industrial aumentou em 274,11% no período de 2002 a 2010, saltando de R$ 2,2 bilhões para R$ 8,3 bilhões, o que representa uma taxa média de crescimento nominal de 15,8% ao ano, ficando à frente de outros setores produtivos do Estado e até mesmo do índice de expansão da economia chinesa - de 9,5% ao ano.
Além disso, conforme projeções do Radar Industrial da Fiems, o PIB Industrial do Estado deve continuar em expansão nos próximos anos com patamares de 19,17% (2011), 5,10% (2012), 17,38% (2013) e 12,17% (2014). "A indústria em Mato Grosso do Sul realmente, como demonstram os números, cresce acima da média nacional graças às condições, quase únicas, oferecidas pelo Estado, como fácil o aos grandes mercados consumidores do País por meio do transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aeroviário.
Além disso, o Sistema Fiems, em parceria com o Governo do Estado e Prefeituras, tem dado o apoio necessário para as indústrias continuarem se desenvolvendo", reforçou o presidente da Fiems, Sérgio Longen.
Ainda na avaliação dele, a evolução do PIB Industrial atesta o vigor de uma nova economia para o Estado. "A indústria vem se consolidando, atraindo ainda mais investimento, fortalecendo os negócios para as empresas já instaladas, gerando mais emprego, renda e divisas", disse. Para o líder empresarial, o cenário atual é um indicativo que aponta para a efetiva e irreversível consolidação da diversificação da economia de Mato Grosso do Sul. "Ainda somos um Estado jovem. Vamos crescer muito mais", garantiu.
Eldorado
Sérgio Longen cita como exemplo o apoio dado pelo Sistema Fiems à fábrica da Eldorado Brasil Celulose, cujos primeiros técnicos foram qualificados pelo CetecSenai Três Lagoas. "Em abril deste ano, formamos os primeiros 136 profissionais capacitados pelo Senai no âmbito do projeto Minha Primeira Profissão, desenvolvido em parceria com a Eldorado. Do total de formados, 94 foram do curso técnico em celulose e 42 do curso técnico em mecânica", informou, completando que para o próximo ano mais 200 jovens serão capacitados pelo Senai para atender a demanda da fábrica.
Já o diretor-presidente da Eldorado Brasil Celulose, José Carlos Grubisich, reforçou que, em plena operação, a unidade de Três Lagoas, considerada a maior fábrica de celulose do mundo em linha única no mundo, vai gerar em torno de 2,5 mil empregos diretos e de 8 mil a 10 mil postos de trabalho indiretos. "A fábrica de Três Lagoas, que tem investimento total de R$ 6,2 bilhões, começará com produção de 1,5 milhão de tonelada, mas a meta é chegar a 5 milhões de toneladas em 2020, colocando a unidade de Três Lagoas como referência no setor.
A meta intermediária, em 2017, é iniciar a segunda linha com produção de 3,5 milhões de toneladas, o que significa capacidade maior, uma vez que a produção estimada nas três linhas projetadas supera a fábrica da Fibria em suas cinco linhas", pontuou.
A Eldorado vai conduzir toda a cadeia de produção e industrialização do eucalipto - do plantio ao transbordo da celulose até os portos, garantindo assim custo de produção mais baixo -, sendo que a empresa exportará mais de 90% da produção para mercados produtores de papel na Ásia (50 a 55%), Europa e Oriente Médio (30 a 35%) e Américas, incluindo o Brasil e Estados Unidos (10 a 15%), faturando, já no primeiro ano de operação, R$ 2 bilhões. Ele acrescenta que Três Lagoas foi escolhida para a construção da maior fábrica de celulose do mundo pelas extensas áreas propícias ao plantio de eucalipto e a logística de transporte.
A Eldorado vai usar a hidrovia Paraná-Tietê, aproveitando a localização privilegiada da fábrica, encravada entre a BR-158 e a confluência dos rios Tietê e Paraná. A fábrica terá seu próprio terminal ferroviário e porto fluvial para embarcar e transportar a celulose até o porto de Santos. "Nosso objetivo é ampliar o uso dos modais hidroviário e ferroviário que apresentam maior economia em escala e menor impacto ambiental.
Para isso já adquirimos uma frota própria de locomotivas e vagões - especialmente desenvolvidos para a Eldorado Brasil -, que vão transportar a nossa celulose até um terminal próprio no porto de Santos e de lá para os principais mercados do mundo", afirmou.
Na prática, serão usadas duas logísticas: uma com a celulose sendo transportada em caminhões até Aparecida do Taboado (MS) e de lá até Santos (SP), enquanto outra, por meio da hidrovia, com barcaças subindo o Tietê até Pederneiras (SP) e de lá até Santos. As barcaças retornam com matéria-prima pela hidrovia.
Com um maciço florestal já estabelecido de 88 mil hectares destinados à produção de celulose, a Eldorado Brasil deve bater seu próprio recorde este ano, plantando mais 35 mil hectares. No ano ado foram 31 mil hectares. "Toda nossa floresta será certificada. Além disso, todo processo de plantio e colheita é 93% mecanizado. A empresa já está treinando operadores de máquinas, por meio de simuladores que colocam o funcionário diante de uma situação real. Eles operam os simuladores e testam as máquinas", disse.